Monte Mor de Antanho - Causos - 02
O SAPO
Ganhou um sapo no jogo de argolas do parque de diversões. De louça. Última categoria. Para falar a verdade, era preciso um bom exame para se constatar ser realmente um sapo. Mas era.
O menino sai sem saber o que fazer como o horroroso troféu. Topou com sua prima segurando uma bola.
-Que sapo bonitinho! Onde você ganhou? Perguntou a prima.
-No jogo de argolas.
-Ganhei essa bola na pesca. Saco; não gosto de bolas, disse a menina.
-Também não gosto de sapos. Vamos trocar?
Negócio feito, a menina com o sapo e o garoto, feliz, com a bola.
A bola pouco durou. Depois do primeiro furo, um remendo, depois do segundo, lixo.
E o sapo? Quietinho permanecia ao lado da cama da priminha, que dele cuidava carinhosamente. Ritual diário: alisa aqui, alisa ali, acaricia cá, acaricia acolá, um beijo, e o bicho de louça volta ao seu lugarzinho predileto.
Certo dia, finalizando o ritual, a já mocinha, acertou o beijo no lugar que devia e o batráquio horroroso tornou-se um príncipe. Casou-se com ele e agora a rabuda tá podre de rica.
O menino? Faz quarenta anos que, de parque em parque tenta ganhar uma sapa no jogo de argolas.
0 Comments:
Post a Comment
<< Home