Monte Mor de Antanho - Causos - 01
A SERENATA
A serenata ou seresta ou ainda sereno, é, normalmente, um concerto musical, vocal ou instrumental, feito à noite, ao ar livre e quase sempre dirigido à uma mulher. Pode ainda representar composições musicais com um ou vários andamentos executados tanto ao ar livre como em ambientes fechados. Embora a denominação seresta seja relativamente recente, a origem da serenata remonta o final da Idade Média. No Brasil encontramos referências à esse estilo musical já no início do século XVIII. Ao passar por Salvador, em 1717, o viajante e comerciante francês Le Gentil de la Barbinais em seu livro “Nouveau Voyage Autour Du Monde” assim observava: “à noite só se ouviam os tristes acordes das violas, debaixo dos balcões de suas amadas”.
Embora possa ser entendida de uma forma diferente, a que predomina é aquela em que o cantor se coloca ante a janela de sua pretendida e, madrugada adentro, vai entoando melodias amorosas para demonstrar sua paixão. Este é um costume herdado da Península Ibérica,
trazido pelos portugueses, nossos colonizadores.
Vamos ao nosso caso.
A donzela morava na rua do Pito, depois da Água Choca. Bela mulata, Marina era de tirar o chapéu. Provocava muita euforia manual no Zé do Noca. Um dia, apaixonado pela morenaça, resolveu lhe fazer uma serenata. Craniou, craniou, encontrou uma bela melodia, cuja letra era sua declaração de amor. Sondou e descobriu que o marido saía todo sábado à noite. Ensaiou muito, escolheu o sábado e lá foi todo engomado, brilhantina Glostora nos cabelos, sapato engraxado.
Sangue fervendo nas veias, violão nos braços, primeiro acorde e lá vai ele:
- “Onde estás coração?
- Tá na puta que o pariu, respondeu o marido, que saindo como louco
tomou o violão e o arrebentou na cabeça do Zé.
Caboclo azarado, aquele foi um dos poucos sábados que o marido não saiu.
A partir daí todos perguntavam: e aí Zé? Onde tá o coração?
-Tá na p.q.p.
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